RABISCOS POÉTICOS

AMAR É FÁCIL PARA QUEM TEM MEMÓRIA PORÉM, ESQUECER É DIFÍCIL PARA QUEM TEM CORAÇÃO.

Textos


REMINISCÊNCIAS DA VIDA...




Dizem que quando avançamos nos anos ficamos mais sensíveis à recordar conversas antigas...

Sr. Cardoso, meu pai, era uma pessoa muito saudosista e sempre estava a contar detalhes da sua vida desde a sua infância...


Sendo o caçula de uma família de cinco irmãos que sobreviveram as moléstias da infância e a teimosia da sua mãe, dona Sinhá,  muito preconceituosa, sem leite, para amamentar, ela insistia em alimentar os seus filhos com leite condensado.


A solução nessa época, seria contratar uma ama de leite, fato esse, que ela, por preconceito,  relutou muito em aceitar...


Precisou perder quatro filhos envenenados com o leite condensado, para aceitar que seu filho caçula Dirceu, meu pai, fosse amamentado por uma ama de leite...


Com isso, ele tinha sempre uma desculpa na ponta da língua, quando fizesse algo que desagradasse a sua mãe ele logo respondia:

- Sou assim pq mamei em uma negra! rss


Afê! A minha avó ficava transtornada de tanta raiva...rss


Mas, mesmo assim, às vezes malcriado ele cresceu, responsável dedicado a sua família composta da sua mãe e suas duas irmãs, Dora e Marília.


Minha avó paterna, D. Maria Izabel, professora,  austera Sinhazinha ,  como era tratada, pelos escravos da Fazenda de Café dos seus pais, nobres espanhóis falidos, chegaram no século XIX, construíram sua fortuna com o café, mas,  perderam as suas posses, desta dinastia só restaram a educação, boas maneiras e a incontestável pose  da dona Sinhá...rs


Minha avó era posuda, mulher elegante, parecia que tinha engolido o "cabo do guarda chuva", toda ereta, impecavelmente bem  trajada com seu chapéu, bolsa, luvas e guarda chuva nas mãos.

Detalhes:

Tradicional e muito conservadora, ela costurava chumbinho na barra do vestido, para a saia com o vento não subir...rs

Carregava um alfinete caso algum abusado em coletivos a pertubasse... Era uma senhora chique e cheia de si...rss


Uma vez no ano na véspera do Natal meu pai  nos levava (eu e meu irmão) para almoçarmos na casa dela. Minha mãe nunca nos acompanhou...rss


Quinzenalmente o ritual aos domingos,  o encontro marcado e participavamos da missa das 10,00h na Igreja de São Bento, depois almoçavamos próximo,  Restaurante do PAPAI,  tudo no centro da cidade. Ela e a minha tia voltavam para sua casa e meu pai nos levavam a matinê...rs
 
A minha avó Sinhá e minha tia Marília andavam sempre juntas de braços dados...rs


Meu avô o Comendador Cardoso, caixeiro viajante e representante comercial,  faleceu em 03/1932 de um mal súbito no coração, aos 49 anos, meu pai com 15 anos assumiu a responsabilidade pela família, já que seus dois irmãos; Rubens e Geraldo, mais velhos eram "ovelhas desgarradas", foram expulsos de casa pelo meu avô...


São histórias vividas contadas pelo meu pai ...










 
SanCardoso
Enviado por SanCardoso em 14/05/2019
Alterado em 19/06/2019
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